A GOTEIRA SUL DO MEU CHAFARIZ

Inquietaram-me as águas
com um convite:
-"Vamos baptizar um bambu,
filho do Bambu!"

Lá fui, palmilhando asfalto,
remexendo malas de porão,
agitando sombras pousadas
em quindas de então:
duendes que o corpo traz
de águas passadas.

Uma dúzia de nostálgicos,
penso eu. Não era o repasto,
mas aquele Filho do Liceu,
que lá nos levava.. o rasto
indelével da juventude
que aquela planta regeu.

Foi assim, que águas antigas
de fontes das minhas manhãs
voltaram em gotas aspergidas
na benção, ao molhar os tantãs,
esses orgãos que nos traem
quando as saudades nos saem.

Voltei à Serra do meu vento
e revi as folhinas da raiz
onde busco forças e alento
à goteira sul do meu chafariz.