(Poema na Ceia de Maconge,
Em Alte, no Algarve, a 29/30 de Janeiro de 2005.)
CANTO Km 16
Aquele Canto a Caminho da Huíla e da Chibia
XVI
Havíamos de escrever tão pasmados
Contos de nossas casas e cabanas,
Porque um dia fomos escorraçados
Daquelas nossas roças e choupanas,
Em perigos e guerras entalados
Muito para lá da razão humana,
E entre os amigos edificaram,
O Reino de Maconge que fundaram;
XVII
Como a Fénix renasce o Liceu.
Após anos e anos infindáveis,
Recebo um convite com nome meu
Que me faz recordar que lá andáveis
Dias lindos em que brilhava o Céu
Qual escola de sonhos intermináveis
Porque neste papiro aconteceu
Encontrar amigos tão memoráveis.
XVIII
É hoje o Velho Higino que escolho
Para nos dar aulas de Português
Camões não era cego, mas zarolho
Tantos e geniais poemas fez
E via muito mais por um só olho
Que todos os demais vêem por três
E de tantas iguarias com molho
Bota gindungo nelas que já vez.
XIX
Depois, à beira do rio Mapunda,
Em Alte, Algarve, a 30 de Janeiro,
O Rocha com a guitarra à cacunda
Qual mistura pura de sanzaleiro
Dom Giraldinho, que é quem fecunda
Todas as bênçãos dos vinhos matreiros
Libertos dos valores de quem funda
Esses reinos outrora tão porreiros
XX (DEZAVINTE)
E cantámos o Hino do Liceu
E lá em Cima Está o Tiro Liro
E a Morte Que Matou Lira nos deu
Um sentimento antigo de Retiro
Nenhuma lágrima então correu
Nem sequer se ouviu um único tiro
E lembrei-me dum grande amigo meu
Da Escola Industrial e Tchivinguiro.
XXI
Recordámos ainda e com mistério
Porque também eram da Academia
As lindas alunas do Magistério
Pelas quais muito bravo então gemia
Corações que não eram de minério
Mas da mais pura e bela fantasia
Ainda havemos de falar a sério
Desse belo tempo que então corria.
XXII
E não pensem que vamos esquecer
Quem desta história também parte fez
Os do Instituto, está bom de ver
E os putos fixes da Escola Marquês
Candengues das escolas a correr
Por esses lugares onde uma vez
Que em Alte fizemos reviver
E onde havemos de voltar, talvez.