Terra dos nossos queridos avós
Viagem que o Pipo alvitrou
Sonho da agenda de todos nós
Que em realidade se transformou...
Vamos festejar os "Barracões"
Morada de heróis em fileira
Com os Freitas, os Nóbregas e os Camões
Assim se fez Sá da Bandeira!
No jantar do Zeca, no Porto,
Na viagem se falou...
Que confusão! Isto vai dar p'ró torto
Logo, para a Esperança sobrou!
Ó Esperança! O preto é aceite pelo Jardim?
Pergunta com ar sério o Cardeal.
Então reserva um lugar para mim
Quero protegê-lo do "Bardina" do Leal!
Reserva feita para o Cardeal
Telefona depois a desmarcar
Óh Meu Deus, preto é sempre igual
Porque, dias depois, voltou a marcar
Tudo pronto! Tudo a postes!
Telefonemas de noite e de dia,
Para saber do Carlos da Corte
Ao Soba de Setúbal, eu fazia!
Toca o telefone! É o faltoso macongino
Estou com gripe, estou fracote...
Não há desculpas meu menino
Faz as malas, vais no magote!
Buraquinho, Buraquinho, contigo me zanguei
Nada disseste, não telefonaste,
Mas estás perdoado e contente fiquei
Com o abraço que no Algarve me deste!
Maconginos na Madeira?
Andava o Vice-Rei preocupado
Tens que arranjar uma maneira
De encontrar o "Carlos Morgado"!
Quem é vivo sempre aparece
Já diz o velho ditado
De tudo tratou com muito interesse
Óh Carlos, o nosso "muito obrigado"!
Malandro nos velhos tempos,
Na Madeira senhor respeitado...
Soba da Ilha! Lembra bons momentos,
Como está diferente o nosso Morgado!!
Foste um companheiro prestável,
Como sempre, desde menino
Procuraste, resolveste, foste incansável,
Um verdadeiro e bom macongino!
Chegou a hora da partida
Tudo alegre e bem contente!
O Vasco e a Fernanda querida
Dormiam um sono inocente!
Foi uma azáfama uma aflição!
Até o bendito táxi chegar
Remela no olho e saco na mão
O Vasco e a Fernanda conseguiram embarcar!!!
Felizes e cheios de emoção
Lá vai a malta p'rá Madeira
O Leal saltitando no avião
Disfarçando o medo dessa maneira!!!
Madeira à vista! Olham todos!!!
Começa o avião a aterrar...
Que suplício, que martírio
O Beto e a Esperança estão a passar!!!
Finalmente seguros no chão,
Lá fomos buscar a bagagem
Uns um saco, outros um malão,
Rumo ao "Alto Lido" como paragem.
Logo depois de as malas arrumar
A Julinha e a Ema saem a correr!
A Ema, orquídeas queria comprar
A Julinha, goiabas queria comer!!!
Saem todos em debandada
Chegou a hora da paparoca
Uns, queriam comer espetada
Outros, papas de maçaroca!
"Eu gramo atum com papas de milho"
Disse o Vice-Rei com ar atrevido!
Boas como o milho, é já sabido
Há muito do seu menu, é o escolhido!!!
18 horas - Instituto do Vinho da Madeira
Visita arranjada pelo amigo Amaral
Logo a Nitas reservou cadeira
Junto às provas do bom boal!!!
O Lelo em castas foi doutor
Não havia quem o calasse...
Pensando ser bom conhecedor.
Como se do 'banga sumo' falasse!!!
Tudo pronto e bem disposto
Vamos começar a excursão
Divididos em dois autocarros
Com guias para a explicação
No autocarro da guia Rosa
Falou-se e riu-se sem parança
Disparates, asneiras e muita prosa
Disseram o Lelo, o Leal e a Esperança!!!
Sempre prontas p'ra folia
Pacatas e calmas, na Madeira, não!!
Riam e passeavam com alegria
A Guida, a Idalina e a João!!!
Camarada, calma e sorridente
Ó Zé! O teu destino é fatal
Mas não desistas! Sê paciente
O teu "karma" chama-se Leal!!!
Com o seu boné e ar pimpolho
Vai o Zé fumando o seu cachimbo
Ó Ana Grima abre esse olho,
Não o deixes sair do teu quimbo!!!
Beto, São, Calinhas, Jovita e Nitas
Na Madeira, quinteto de gente boa
Sempre felizes e muito catitas
Bem dispostos até Lisboa!!!
Conceição, Stock e Santinha
Fizeram todas as provas, aposto!
Guimarães, quem te meteu na cabecinha
Que de ti, eu não gosto?
O Zeca Pinto e o seu amor,
Amor o deles sem igual!
Mas cuida-te Manela, por favor,
Que tens no cachimbo um rival!!!
Foste um bom companeirão
Assim como o teu plantel!
Deste sempre a tua mão,
Obrigado Zé Manel!
Boa bunda, e nada feia
Simpática, alegre e divertida
Ganhámos assim uma Andreia
Levada pela Zélia, a sogra amiga!!!
Por seres compincha e porreira
Disso se aproveitou o Cardeal
Quis- te pregar uma bebedeira
Mas foi ele quem se saiu mal!!!
Calmo e sério o Canduzeiro
Quase sempre a reclamar!
Mas é amigo e companheiro
Não duvidem, podem acreditar!!!
Sorrateiro e de olho aberto
Com um cigarro na mão
Está vigilante o Norberto
Que a Celeste não perdoa, não!
Desaparece o cigarro magicamente
Ninguém o viu... Como assim?
A Nené surge de repente
Tem juízo ó Patalim!!!
O Pintor-Mor connosco está
Sempre pronto para a folia
Largou tudo, veio do Canadá
E consigo, a sua Ana Maria!!!
Chegou belo e bem disposto
À ceia bem acompanhado
Luis Paiva, subiu de posto
De soba de Toronto foi empossado!!!
Rui, amigo do coração
Não sejas tão preguiçoso...
Não me zango contigo, não
Porque és querido e amoroso!!!
Suzete, companheira amiga,
Com todos confraternizou...
Conselheira que a todos liga
Riu, conversou e brincou!!!
Necas, ministro de mais um sobado
Onde com prazer foi festejar...
Na Madeira, ganhou o soba Morgado
Vendo assim o seu domínio alargar!!
Não faças essa cara de espanto
Que contigo estou a brincar...
Não te irrites! Ministro não é santo
E os sobas tens sempre que aturar!!!
Batem à porta!... Quem será?
A Nitas procura a Jovita...
Essa senhora? Já aqui não está!!!
Abre um homem nu, e foge, ela, aflita!!!
Mais uma vez à porta bateram
Pelo mesmo nome vieram perguntar...
Essa senhora? Já aqui a procuraram
A 1ª fugiu, já agora, não quer cá ficar???
"Machico", primeira paragem!
Meia hora p'ra ficar...
Será que há Freitas na paisagem?
Ou Nóbregas por lá a passear???
Ninguém... Nada se encontrou
Todos regressam com água engarrafada
Só o Pancho nas calmas comprou...
Uma rosa para a sua amada!!!
A caminho da "Portela"
Do pau da pncha, a guia falou...
Que outros nomes tem? Pergunta ela...
Ninguém sabia, ninguém se manifestou...
"Pau da poncha ou mexilhote"
Diz ela com um sorrisinho...
Sabendo que havia outro no lote
O tal que se chama "caralhinho"!!!
Na "portela" desembarcamos
Pão de caco se comprou
Depois dos recantos admirados
A boa poncha se provou!!!
"Camacha". Hora do almoço prometido!
Tudo sentado, tudo faminto,
Depois de tudo servido,
Eis que surge um Nóbrega no recinto!!!
Gera-se logo grande confusão!!
Será Nóbrega, ou não seria??
Parecido com a Jovita não era não!!
Louro e olho azul, com o Olavo se parecia!!!
"Cadê" os Freitas?
Por ali nenhum sobrevivia
Diz o Lelo com as suas suspeitas
"com certeza, moram noutra freguesia"!!!
Com as vergas deslumbrada,
A noção do tempo perdeu
A Jovita, já atrasada,
Com mini azulejos apareceu!
Passámos furados, ribeiras e levadas
Atum espetadas e pão de caco comemos
Subimos às nuvens de almas encantadas
E, assim maravilhados, ao "Monte" descemos!
"Senhora do Monte"! Que saudade!
À capelinha fomos rezar...
O nosso passado e a nossa verdade
Ali fomos todos relembrar!!!
Ao "Alto Lido" chegados
Felizes, cansados mas airosos
Depois duns banhos bem tomados
Fomos para a ceia belos e formosos!!!
Chegou a hora da ilustre ceia
Que o Vice-Rei, do luxo reclamou!
Mas não achando em volta, mulher feia
Sereno e calmo se conservou!!!
Na mesa a sua garrafa, o vice-rei queria
Mas logo o director não autorizou
Depois de muita teimosia
Um empregado privativo ganhou!!!
Mesas lindas, com harmonia
Um consomé e uma espetada
Bom vinho, muita alegria
A carne... Era de vaca cansada!!
Mulheres lindas no salão...
A Ema, a Olga, a Júlia e a Nela, encantaram...
A Lucília, a Mª José e a Mª João
Também a Linda e a Zélia brilharam!!!
Começaram. Enfim. Os discursos
Para os professores homenagear
Falou o Traguedo do Mendonça
E, do Higino, nos veio lembrar!!!
João Simões, o nosso pipo
Muito zangado ficou...
Por querer ser o veterinário
Num julgamento que não se realizou!!!
O Leal e o Adrega com o Viveiros falaram
P'ra primo dos Freitas, se fazer passar...
O Lelo está confuso! Os dois conversaram
E já iam tendo muito que falar!!!
O João António muito acanhado
Por primo dos Freitas passou...
Mas seu velho tio desbocado
Logo a Maria João alertou!!!
Uma delicada estrelícia local
Firme e certa por onde caminha
Terna e doce no seu natural
Como sempre, a nossa Laurencinha!!!
Por fim, o discurso da coroa
O vice-rei professores homenageou...
P'ra lembrar toda essa gente boa
No nosso "Bintóito" os representou!!!
Silêncio maconginos! Diz a chefe do protocolo
Vamos ouvir cantar o fado...
Ordena o Grão-Duque de Mocolocolo
Apaga-se a luz e fica tudo calado!!!
Sei que chouriço não tem som
E salpicão... também não
Mas Painho tem esse dom
De nos encantar o coração!!!
Tamanho não é documento
Isso de novo reaprendi
Ao ouvir quanto sentimento
Na voz do António Sousa senti...
Como sempre a nossa Linda
Com a sua voz nos presenteou
Melodiosa e firme ainda
Belos fados ela cantou!!!
E aquela viola tocada
Pelo nosso querido amigo...
Lelo... Nunca a deixes calada
Que nos fica o coração partido!!
E para ceia terminar
Canta-se o fado da despedida
Para em pensamento voltar
Ao Lubango terra tão querida!!!
Domingo! A festa está a acabar!
Cada um fez o que quis...!
Uns, amigos foram visitar,
Outros, passear até Porto Moniz!!!
Stock, Adrega e Amaral combinaram,
Juntos, à noite jantar...
Comeram, beberam e apostaram
Se o Benfica viesse a ganhar...
Como Benfiquista de carreira
Cumpriu a aposta o Amaral,
Apanhou tamanha bebedeira,
Que quase saiu ao colo do Funchal!!!
Chegada a hora da partida
O amigo Leal não sossegava
Mudando o horário de saída
Planos diabólicos engendrava!!!
Com uma certeza porém
Regressamos ao continente...
Pensando no ano que vem
Da Madeira veio tudo contente!
Pancho meu querido anão,
Grande ajuda me prestaste.
Obrigado! Peço-te perdão
Por tudo o quanto me aturaste!!!