Não às Ceias sem Poetas

Agora lá para as Ceias
Deste Reino de Maconge
Ou as bolsas estão cheias
Ou não vamos muito longe.

Mas há que impor o respeito
Nesta velha tradição
Valério e Zé Frade a eito
Sem Poetas, Ceias não.

Mesmo que haja cantores
Fadistas e cantadeiras
Sem Poetas, oh Doutores,
Não devia haver mais Ceias.

Poetas do Reino, cantai
Sem nós, não há Poesias
Ignóbeis nobres, chorai
Sem nós, não há alegrias.

Maviosa é a voz
Da cançaõ em muitos lados
Mas ninguém, tal como nós
Escreve a letra dos Fados.

O Bobo de Herculano
Foi para mim uma lição
A Mãe enganava o Pai
Do Fundador da Nação.

Dona Tareja era traça
Desta epistemologia
Dom Henrique tinha graça
Com os cornos que trazia.

Com o Conde de Andeiro
Andou antes e depois
E o nosso Rei Primeiro
Andou com cornos dos bois.

Nesta guerra de enganos
Deste Reino então fundado
Foi a Espanha o seu Amo
Com o ar de enforcado.

Qual Bula Papal qual nada
Quais sete onças, quem as viu
Também podia ser pai
Do filho que ela traiu.

Por isso lhe deu porrada
Em Arcos de Valdevez
E assim ficou fundada
Esta nossa sensatez.

Que a História de faz-de-conta
Que aqui estou a contar
Foi o Bobo de Herculano
Que a mim a fez chegar.

Não tem grande fundamento
Foi um Bobo mentiroso
Mas ficou o sentimento
Entre a gente deste Povo.

Dos Castelhanos livrou
Esta pobre e nobre gente
Que a Europa juntou
Como era antigamente.

Júlio César e Pompeu
Gengis Cão e Alexandre
E o País que nos deu
O Reino de Camprandande.

Coitados dos Palestinos
Comparados com nós outros
Fomos pra vários destinos
Este, aqueles e aqueloutros...