Certo dia, lá na Chela, o Cristo-Rei,
Falou assim p'rá Senhora do Monte:
- Eu bem te disse, bem te avisei;
Vê lá bem o que aconteceu,
Ao deixares beber da tua fonte
Essa malta, esses corvos, do Liceu?
E a Senhora, no seu ar angelical,
Aconchegando o seu manto protector,
Sorriu, piscou os olhos aos da Industrial,
Mais aos do Instituto e aos Charruas.
Às meninas de bata com alva cer,
Disse-lhes: - Não olhem muito p'rás luas;
É que o segredo da minha fonte,
Desta água pura e cristalina,
Dá aos rapazes, algo que se conte,
Que é diferente e está encantado;
Deixa-os com um brilho na retina,
Põe-lhes o coração mais acelerado.
Olham-vos de outra maneira,
Descobrem os vossos encantos,
E dizem que em Sá da Bandeira,
Há algo melhor do que estudar,
Há magia, flores, belos recantos,
Há a conjugação do verbo Amar.